Amo-te!
Amo-te eternamente, diz o adolescente à adolescente. Amo-te muito, diz a inscrição na parede outrora branca. Amo-te loucamente, pisca em tons de verde o SMS. Amo-te tanto, grita a música. “Amo-te para sempre/11-09-1993/Xico Fernandes”, consegue ler-se da sanita.
Hoje não se ama simplesmente, ama-se sempre muito ou muito pouco, ama-se sempre um bocadinho ou um bocadão, ama-se aos pedaços, ama-se para sempre ou para meia dúzia de dias, não se ama sem a merda de um advérbio, tanto de modo como de quantidade. Ama-se como quem gosta, muito ou pouco, de manhã ou de tarde, pela frente ou por trás, ama-se porra nenhuma. Hoje não se ama, simplesmente.
16 Bocas:
Amo-te e amar-te-ei para sempre. A vida corre ao som de músicas-ambiente de elevador, que ocasionalmente se animam com um trecho de Strauss. Todo o meu espaço está cuidadosamente delimitado e preservado de inoportunos. Sei o que fiz, quem sou e no que me tornarei. Reduzi todas as minhas dores ao ínfimo. Tornei-me um beija-flor, que tudo abarca e nada tem. Para mim, o mundo é pequeno demais. Amo-te mesmo. Esperei um milénio por ti. Não perturbas a banda sonora da minha vida. Não me causas desconforto nem ansiedade. Encaixas, não moldas. Ficas bem no meu elevador, condizes com o meu ambiente. Chegaste na altura certa, bateste à porta antes de entrar, limpaste os pés. Ocupaste o lugar que te estava reservado. O mundo continua a ser pequeno. Eu continuo a ser enorme. As valsas soam. Aumentamos o volume de vez em quando, somos ousados. E eu estou prestes a...
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"Ama-me quando eu menos merecer, porque e quando eu mais preciso." - proverbio chines
Amo-te, por um tempo incerto. Busco inutilmente sons para to descrever. Transformaste a palavra num invólucro desprezível, indigno de ti e de todos os espectros que te acompanham. As tuas cores são vermelho-sangue, roxo e ocre, a tua sonoridade explode em mil decibéis, sem harmonia nem maestro. Inútil afiançar-te a impossibilidade de modo, espaço e época. Todos os poetas nos cantaram, jazem sob o pó da biblioteca da minha alma, reduzidos a um monte de banalidades retorcidas. Amo-te, com nenhum ou com todos os advérbios. Olho para ti e construo mil galáxias de desassossego, num corrupio de imaginação. Amo-te, a ti ou a ideia de ti, real ou fictícia, tua ou minha. Amo a âncora que és, que preenche a minha sensação de vazio, a mais fúnebre de todas as que me assombram, a única que verdadeiramente me aterra quando os amores similares a ti desaparecem, deixando-me prestes a...
"...Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
MEC - Elogio ao amor
Não...Hoje, ainda se ama, até ao fim.
Estou prestes a... Pedir que concluas ;-). Será qualquer coisa em três actos?
Grande MEC. Gosto do MEC. Gosto de quem escreve como quem fala. Já gostei mais do MEC. Do MEC do tempo de “As minhas Aventuras na República Portuguesa”; de “O Último Volume”; do “Et Caetera” que lhe é devido. Mas continua a ser dos únicos que está perto da mesinha de cabeceira, ali à mão de ser revisitado, perto para abrir uma página ao calhas e ler aquele que faz da descrição de qualquer parede uma grande crónica.
Sim... Hoje ainda se ama. Ama-se como quem gosta. Muito e até ao fim. Até amanhã.
Toca - me...
Hoje, ama-se até ao fim, ama-se até não ter sopro de vida.
Estou prestes a... Pedir que concluas ;-). Será qualquer coisa em três actos?
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Merci c' est très beau...a "vidinha" é uma convivência assassina...;-)
O verbo amar não te comporta. A imprevisibilidade estilhaçou os meus epílogos e reescreveu o teu guião a seu bel-prazer. Esperei a tua queda com tranquilidade, depois com uma impaciência crescente, finalmente com estupefacção. E estou prestes a interiorizar que existes mesmo assim, zombando de todas as leis. Não há absolutamente nada em ti que seja comum. Observo-te com ferocidade, provo o doce e o amargo, vejo o preto e o branco, ouço os graves e os agudos. Aguardo o milésimo de segundo em que um ridículo advérbio te danifique. Aguardo o impossível.
amas o impossível e por esse impossível choras, mas é-te impossível esquecer, esse impossível que adoras...
amar é esperança, é ilusão,
é fogo que nos queima de paixão;
é sonho, é quimera,
é a saudade de quem por alguém espera;
é esquecer toda a tristeza
ao encontrar nele uma certeza;
é aos seus encantos me render,
para me encontrar e de novo me perder...
Se o amor não nos transforma em tolos, o que mais poderá fazê-lo???
A falta dele.
Ou o excesso!!!
Se for em demasia,além de tolos também ficamos estúpidos.
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